Conheça a história do maior mosteiro zen budista da América Latina, que completa 50 anos

  • 28/08/2024
(Foto: Reprodução)
Mosteiro Morro Zen da Vargem fica em Ibiraçu, no Norte do Espírito Santo, e comemora seu jubileu de ouro neste mês de agosto. Construído em 1974, o local realiza retiros e é aberto para a visitação. Conheça a história do maior mosteiro zen budista da América Latina, que completa 50 anos Em 1974, no meio de um morro na cidade de Ibiraçu, no Norte do Espírito Santo, o primeiro e maior mosteiro zen budista da América Latina foi fundado no Brasil. O Mosteiro Morro Zen da Vargem segue uma das vertentes do budismo e está completando 50 anos. O local recebe mais de 20 mil visitantes por ano e é conhecido internacionalmente por ter a segunda maior estátua de Buda do mundo e por seus retiros religiosos. Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Telegram Para marcar o jubileu de ouro, o g1 preparou a série "Caminhos da Paz: 50 anos do Mosteiro Zen Budista". Em três reportagens - que serão publicadas nesta quarta, quinta e sexta-feira - vamos focar em sua história, explicar como funciona o retiro no local e também mostrar as curiosidades que envolvem o mosteiro. Mosteiro Zen Budista em Ibiraçu, Espírito Santo Bernardo Bracony/TV Gazeta Na primeira será contada o início da história do mosteiro, com sua construção e os principais desafios até se transformar no local de relevância, tanto na religião quanto até para o meio ambiente. Na segunda reportagem, a rotina do retiro que atrai centenas de pessoas por ano e existe desde a criação do mosteiro. E, para finalizar, um ambiente com tantas histórias também é cercado de curiosidades. Por exemplo: você sabia que o mosteiro já foi palco de um show de graça do Ney Matogrosso na década de 1990? 📲 Clique aqui para seguir o canal do g1 ES no WhatsApp Construção da estrada que leva até o Mosteiro Zen Budista em Ibiraçu, Espírito Santo Acervo Mosteiro Zen Budista Lugarzinho no meio do nada A história do mosteiro no Brasil começa quando três mestres da Escola Budista Soto Zen (uma das linhagens do budismo), Ryohan Shingu, Renpo Niwa Zenji e Ikko Narazak, buscavam um local para construir o espaço religioso e disseminar os ensinamentos do budismo no Ocidente. A intenção inicial era construir o mosteiro em um ponto que fosse central no Brasil, de modo que pudesse ser acessível de todas as regiões. "Se pensou em um estado do Sudeste que centralizasse e fosse bom para as regiões. Poderia ser em Minas Gerais São Paulo ou Rio de Janeiro, mas o principal era um local que apresentasse todas as condições que, na época, se exigia", explicou o monge Daiju, abade, responsável pelo mosteiro. E as exigências não eram muitas, mas as características analisadas fizeram a diferença na hora de escolher o melhor local para as obras. Templo das cerimônias no mosteiro zen budista em Ibiraçu, no Espírito Santo Bernardo Bracony/TV Gazeta "Precisava ser em uma montanha e que se cultivasse arroz. Hoje, o arroz não é uma coisa importante mais. E é muito interessante que o nome desse morro é Morro da Vargem, que quer dizer várzea, lugar pantonoso, onde se cultiva o arroz. Uma característica especial que nós só encontramos aqui. Só aqui que poderia plantar arroz em cima da montanha", completou o monge. Dessa forma, os monges chegaram até a cidade de Ibiraçu, em um ponto onde vários fatores ajudaram a decidir pela construção do mosteiro em solo capixaba: Existência de nascentes que forneceriam água própria, sem necessidade de sistemas públicos de fornecimento; Posicionamento geográfico em final de linha (não é possível passar pelo local, já que a estrada só permite chegar a ele; Valor de compra das terras abaixo do valor de mercado na época por conta das condições de degradação ambiental que havia no local. E assim foi construído o primeiro mosteiro Zen budista da América Latina pelos próprios residentes e alguns poucos voluntários. O monge Daiju participou de toda a construção e segue até hoje no espaço. Ele e outras sete pessoas moram no mosteiro. "Eu fui o primeiro monge a chegar aqui. Morei dois longos períodos sozinho. O mosteiro não era ocupado como era hoje. Por ser em cima da montanha, a gente só plantava, comia e fazia a parte da prática, como a meditação", disse o monge abade do mosteiro. Primeiros templos construídos no Mosteiro Zen Budista em Ibiraçu, Espírito Santo Acervo Mosteiro Zen Budista Na década de 1990, todos os prédios que compõem a planta oficial de um mosteiro já estavam construídos, ainda que tenham sido ampliados mais tarde. Após a compra do terreno, os monges viram que tinham muito trabalho pela frente. A área que iria ser ocupada tinha sido utilizada como produção de café e pecuária e estava em um adiantado processo de degradação. Recuperação ambiental A cobertura original de Mata Atlântica passou por um intenso desmatamento nas décadas de 1950 e 60 por causa do crescimento da indústria madeireira na região. Á esquerda, o morro desmatado em Ibiraçu, no Norte do Espírito Santo, em 1974, quando o mosteiro foi criado. Á direta, o morro em 2019, já reflorestado Initial plugin text Em 1985, com a ajuda do naturalista Augusto Ruschi - agrônomo e um dos grandes nomes da ecologista no Brasil - foi elaborado o primeiro Plano de Manejo da região. A partir do plano, foram estabelecidas diretrizes de recuperação e manejo da área, dando início ao plantio de mais de 300 mil mudas de espécies nativas e o ordenamento de uso da área, a qual passou a ser destinada a pesquisas científicas, à educação ambiental e à área definida para o mosteiro. Até os dias de hoje, os monges seguem com o trabalho de preservação do meio ambiente. Atualmente, são 150 hectares de mata. Estátuas que ficam no pátio do Mosteiro Zen Budista em Ibiraçu, Espírito Santo Bernardo Bracony/TV Gazeta "Nós começamos a plantar árvores. Já separávamos o lixo, fazíamos agricultura orgânica. Então, quando se começou a discutir a questão ambiental, as escolas não tinham locais que elas pudessem mostrar na prática para os alunos, e o mosteiro serviu de exemplo, de laboratório. E com isso surgiu o programa de educação ambiental que atende a quase 10 mil estudantes por ano. Até hoje continuamos com o trabalho de recuperação de áreas degradadas e enriquecimentos das áreas que nós plantamos", contou o monge. Considerada uma instituição de Utilidade Pública Municipal (Lei Nº 1.111) e Estadual (Lei Nº 6.088), o Polo de Educação Ambiental Mosteiro Zen Morro da Vargem é considerado pela Unesco um Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Seguindo também os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o mosteiro contempla 16 das 17 metas estabelecidas. LEIA TAMBÉM: Curso de cerâmica aos pés da estátua do Buda gigante ajuda mulheres a terem fonte de renda no ES Maior que o Cristo Redentor e segunda do mundo: conheça estátua de Buda gigante no ES Confira passeios bate e volta para fazer pelo ES Estrutura No início, muitas dificuldades tiveram que ser vencidas. Os templos funcionavam em casebres de madeira com telhados de lascas de árvores, cobertos com palha de palmeira. "Nós tomávamos banho de lata, ficamos 20 anos na lamparina, tinha uma latinha de água para tomar banho e tinha sabão de abacate. A gente nunca imaginou que o mosteiro chegasse onde chegou. Foi uma mudança tremenda. Hoje, você fala daqui com o celular lá no Japão. Antigamente, a gente tinha que descer a pé aqui para se comunicar com o mundo", disse o monge. A planta estrutural de todo mosteiro zen conta com cinco templos: Templo da Oração (Hattô), onde são realizadas diversas cerimônias da liturgia budista; Templo da Meditação (Zazendô), local destinado a práticas meditativas; Templo da Alimentação; Templo do Banho e Templo dos Sanitários. Estátua do Buda deitado no Mosteiro Zen Budista em Ibiraçu, Espírito Santo, muda as folhagens de acordo com a estação do ano Bernardo Bracony/TV Gazeta Além desses templos, ainda há o Templo dos Mortos, Santuário da Kanon (Santa Budista da Compaixão e da Misericórdia). O mosteiro conta ainda com um acervo de obras de arte sacra budista a céu aberto, com monumentos que chegam a 9 metros de altura: uma imagem do Buda deitado, ou Buda em Nirvana; dez imagens da Kanon, a deusa da compaixão; uma escultura de Bodhidharma, patriarca responsável pela transmissão do Budismo da Índia para a China, que também o conhecido como patrono das artes marciais; uma estátua do Jizo Sama ou Jizo Bosatsu, a quem se credita a proteção a crianças e viajantes; 108 portais Torii que levam a uma trilha. Para o monge que já vivenciou tantas mudanças no mosteiro, o principal é poder passar a mensagem de paz para quantos anos puderem vir. "Nós pensávamos em temas como a questão ambiental e alimentos orgânicos já há 50 anos, quando ninguém falava isso. É um legado que o mosteiro deixa e que mostra como ele esteve à frente do tempo por todo esse período. Uma tradição milenar de 2.600 anos. Se fala em paz, uma 'paz gourmet', mas a verdadeira paz tem que começar entre as religiões. O foco nosso é no crescimento do ser humano, não é no crescimento do budismo, ser um ser humano consciente, generoso, com o coração cheio de compaixão", destacou. Gostou de conhecer um pouco mais dessa história? Fique ligado na série sobre os 50 anos do mosteiro zen de Ibiraçu. Mosteiro Zen Budista em Ibiraçu, Espírito Santo Bernardo Bracony/TV Gazeta Serviço Mosteiro Zen Budista de Ibiraçu Aberto para visitações aos domingos, das 8h às 10h30; Local fica a 2 km a partir da Praça Torii, acesso por estrada que fica ao lado da estátua do Buda, na BR-101 Norte, km 217, em Ibiraçu; Entrada custa R$ 20 por pessoa. VÍDEOS: tudo sobre o Espírito Santo Veja o plantão de últimas notícias do g1 Espírito Santo

FONTE: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/norte-noroeste-es/noticia/2024/08/28/conheca-a-historia-do-maior-mosteiro-zen-budista-da-america-latina-que-completa-50-anos.ghtml


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